31 julho 2015

Estamos tão longe

Não quero sair, mas muito menos ficar.  
Eu deveria ter dito não, eu disse sim. Eu disse sim para ela e me senti mal no mesmo instante, sofrendo de dores no estômago e sem conseguir dormir a noite. Eu disse que a acompanharia até nosso lugar favorito, e agora eu torço por uma chuva torrencial que a faça mudar de ideia. 
Não tenho sido eu mesma ultimamente, nem consigo organizar meus pensamentos e ideias. Já esqueci tantas coisas. Criei uma barreira, uma linha imaginária, mas mais como uma linha de fogo onde eu não posso atravessar mas me queimo, ou se atravessar outras pessoas se queimam. 
Tem como alguém e sentir desprotegida no sossego do próprio quarto? Quando se enfrenta o mundo tecnológico, o mundo dos "humanos", as pessoas que nunca estão de bom humor e sempre atrasadas, quando se passa a viver no meio deles, você se dá conta de que o mundo dos monstros não é aterrorizante como aparentava, na verdade os monstros de verdades estão soltos nas ruas, perambulando nos nibus, te encarando nos mercados e com sorte eles te deixam passar sem cicatrizes. Eu preferia ter medo de lendas urbanas, de animais ferozes, de coisas que você tinha um certo conhecimento sobre. Mas nessa atualidade os monstros, mais chamados de hipócritas, sabem mentir, desviar, omitir e disfarçar, você não tem controle nenhum, e se um deles te pega, você não tem controle nem mais da sua vida. 

Um fantasma desses me assombra até hoje. Eu saí com ela, foi até que tranquilo, passamos por uns monstros, eles tentaram conversar conosco, nós o ignoramos. Mais tarde quando voltava pra casa sozinha o cobrador do ônibus era outro monstro, me encarava de forma perturbadora,  como se planejasse se alimentar de mim com aqueles dentes afiados presos a uma boca grande, olhos quase saltando, um rosto de animal feroz. 

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