16 dezembro 2015

Era uma vez eu cresci


Contos de fadas não são vistos com os mesmos olhos, eu me pergunto quando foi que eu deixei de brincar com meus brinquedos, substitui as barbies por esmaltes, brinquedos por aparelhos eletrônicos, escolhi novos estilos de roupa, comecei a ouvir um tipo de música diferente do que era acostumada. E aí eu comecei a me preocupar com aparência, fazer novos amigos, ser aceita nos grupinhos legais, ter um celular de última tecnologia, parei de assistir desenhos e comecei a passar o dia todo no meu quarto sem querer me relacionar com a família, afinal era chato e se alguém me visse com um deles era mico.
Ainda passo maior parte do dia no meu quarto, só que estudando pra faculdade, fazendo o planejamento da semana, ligando pra minha operadora pra dizer que já paguei a conta desse mês (pela terceira vez), torcer pro dólar abaixar e aproveitar promoções no AliExpress, pensar em estágio, horas complementares, iniciação científica, curso de inglês, academia, livros que eu quero comprar e os que eu tenho que terminar.
 Ficou tudo tão "sem graça", sem a inocência que, por incrível que não pareça, todos nós tivemos. Garotas deveriam ser princesas salvas por lindos príncipes, e hoje elas mesmas tem de resolver os problemas delas, se ela foi amaldiçoada ela que corra atrás de um antídoto. Nos ocupamos com pensamentos que não deveriam ser prioridade, como "se eu não limpar a casa no sábado....",  mas na verdade nada vai acontecer, além de você não limpar a casa no sábado!
Se preocupe apenas com o próximo dia.  Cresça, mas não muito. Não perca a "inocência" por completo. Eu uso camisas e moletons de personagens, assisto padrinhos mágicos quando passa na TV, ouço as músicas dos anos 2000, saio com amigos pra brincar na rua como antigamente, dou risadas  de coisas idiotas. Agora  perceba o quão os problemas dos 12 anos são insignificantes hoje, mas como os momentos de uma simples felicidade como essas são essenciais na vida pra torná-la interessante e valer a pena.

26 novembro 2015

Fumaça, utopia e um pedido de desculpas



Enxergo fumaça ao redor das pessoas. Minhas pálpebras ganham peso e não se levantam, meus olhos cansaram de funcionar e sinto falhas no diafragma. Meu dorso em decúbito à espera de um anjo, eu não entendo mais nada. Desde quando desisti? Sofrimento e lágrimas ao meu redor. Ao mesmo tempo que procuro culpados são todos "inocentes". Ah, que saudade do tempo de amar.
Eu apenas desejo deitar-me sem a necessidade de me levantar quando o sol nascer. E se um dia descobrissem esses meus devaneios, rezo para que não interpretem como loucura.
Alguns conseguem ter essa visão de mundo nu e grotesco e o quão inútil  é existir e só. E se discorda, triunfas! Deleite ao máximo esta falha de percepção que "ganhaste" de mundo.

29 setembro 2015

self destruction

Ela perdeu o  brilho dos olhos. Ela desviava o olhar quando se aproximavam. Ela evitava contato visual com qualquer um que estivesse disposto a ter um diálogo com ela. Sua maior  alegria era ver o sol se pondo, pois sabia que logo a noite cairia e ninguém a veria chorar.
A respiração era massante, não quero estar ali. Não faria falta. Ela faria tal sacrifício? Velhos hábitos nunca mudam, ela fez de novo, ela prometeu que iria parar com isso,  ela estava indo bem mas algo no meio do caminho deve ter a confundido. Talvez por ter percebido que ninguém se importava.

Agora ela só quer deitar fechar os olhos e nunca mais precisar acordar. Mas adivinha? Ela acorda.

03 agosto 2015

Alguns sentimentos que me doem

  • Sair de casa e sentir que esqueceu de algo;
  • Propaganda no Spotify;
  • Intensidade do Wi-Fi fraco demais;
  • Sentir saudade do seu cabelo de antes de ter feito qualquer coisa nele;
  • Quando descobri que só tem tweetdark pela web, não mais por aplicativo;
  • Ficar sabendo que uma banda que você está curtindo recentemente não lança nada desde 1999;
  • Sentir que toda música melancólica foi feita inspirada na sua vida, mesmo se tratando um algo como uma flor que murchou ao sol;
  • Sentir que é um peso morto;
  • Sentir que nunca será bom o bastante;
  • Saber que você não faz falta;
  • Saber que seus familiares não te conhecem tão bem quanto você imaginou;
  • Sentir que a casa dos seus pais não é mais sua casa;
  • Sentir que você não pertence aquele lugar. 

31 julho 2015

Estamos tão longe

Não quero sair, mas muito menos ficar.  
Eu deveria ter dito não, eu disse sim. Eu disse sim para ela e me senti mal no mesmo instante, sofrendo de dores no estômago e sem conseguir dormir a noite. Eu disse que a acompanharia até nosso lugar favorito, e agora eu torço por uma chuva torrencial que a faça mudar de ideia. 
Não tenho sido eu mesma ultimamente, nem consigo organizar meus pensamentos e ideias. Já esqueci tantas coisas. Criei uma barreira, uma linha imaginária, mas mais como uma linha de fogo onde eu não posso atravessar mas me queimo, ou se atravessar outras pessoas se queimam. 
Tem como alguém e sentir desprotegida no sossego do próprio quarto? Quando se enfrenta o mundo tecnológico, o mundo dos "humanos", as pessoas que nunca estão de bom humor e sempre atrasadas, quando se passa a viver no meio deles, você se dá conta de que o mundo dos monstros não é aterrorizante como aparentava, na verdade os monstros de verdades estão soltos nas ruas, perambulando nos nibus, te encarando nos mercados e com sorte eles te deixam passar sem cicatrizes. Eu preferia ter medo de lendas urbanas, de animais ferozes, de coisas que você tinha um certo conhecimento sobre. Mas nessa atualidade os monstros, mais chamados de hipócritas, sabem mentir, desviar, omitir e disfarçar, você não tem controle nenhum, e se um deles te pega, você não tem controle nem mais da sua vida. 

Um fantasma desses me assombra até hoje. Eu saí com ela, foi até que tranquilo, passamos por uns monstros, eles tentaram conversar conosco, nós o ignoramos. Mais tarde quando voltava pra casa sozinha o cobrador do ônibus era outro monstro, me encarava de forma perturbadora,  como se planejasse se alimentar de mim com aqueles dentes afiados presos a uma boca grande, olhos quase saltando, um rosto de animal feroz. 

21 julho 2015

A realidade nunca foi meu foco


As vezes imagino que nada da "realidade" é real e que tudo possa ser uma invenção egoísta do meu subconsciente. Quem sabe eu ando mesmo lendo fantasia demais, mas eu penso nisso não é de hoje e talvez eu venha dando mais atenção a isso, devo ter muito tempo livre.
Já observaram que um dia de céu cinza pede que ele seja aproveitado de forma peculiar diferente da rotina? Até mesmo pra quem está de férias. Hoje foi um dia desses e tirando a parte que eu devo estar começando a gripar a ocasião realmente pedia por algo fantasioso, então li um pouco do livro "A Menina Submersa" e assisti "A Grande Ilusão", isso com certeza deve ter aberto uma pequena porta na minha mente cuja eu não sei para onde leva e fechou um pouco a janela da sanidade.
É difícil explicar essas coisas, dizer como se sente, porque as palavras nem sempre fazem jus ao significado e acabam dando espaço para várias interpretações, as vezes boas as vezes não, e dependendo as palavras que você fala (ou escreve) o receptor pode te interpretar como um gênio ou um total insano. A imaginação é poderosa por isso, não deveríamos esquece-la mesmo depois da maturidade, manter a mente e os olhos bem abertos, desfocar do mundo que criamos e prestar atenção no que realmente pode existir além do obvio.