14 maio 2016

Tais saliências

Para que serve a romantização? Mirar expectativas em algo inevitável.
Quanto a personificar algo já concretizado, perda de tempo.
Não deixa espaços para interpretações, vetores de intenções, linhas de pensamentos adjacentes ou percepções curvilineares. 
Tal liberdade presa em uma rocha jogada as ondas para descobrir:
Quantos horizontes são necessários para existir uma circunferência.
Ditadores que guiam suas estradas, a liberdade disfarçada, mascarada e banhada em manipulação. 
Os pontilhados que te limitam a um eixo. A prisão de um corte sagital, sem resistência transversal, Assistido de uma abdução de raciocínio.
Nuances desapercebidas, saliências escondidas.
Espaços em branco, avaliações sem mérito;
A destreza do desviar das objeções 
Impostas por anarquistas submissos ao egocentrismo
Apenas para pessoas de sorte.

06 maio 2016

Minha maior saudade é sua!

Dessa vez eu quero dizer com meu coração, sem meias palavras, sem tentar usar palavras bonitas, (nunca dão esse efeito mesmo), sem meias intenções, sem meias interpretações. 
Não se passa um dia sem que eu tente entender o que aconteceu entre nós. Talvez nossa imaturidade, talvez eu tenha pisado na bola com você e te magoado sem perceber. Dói quando eu lembro que você era o primeiro a me chamar pra conversar, e a última conversa aberta que eu encerrava toda noite, seu nome estava fixo no meu desktop. Isso tudo ainda estando a maior parte contigo na escola, sentando perto de ti, dividindo pirulitos "7belo" (sim, eu ainda lembro). 
Ainda sei a data do seu aniversário, da maioria das conversas que tivemos, das histórias que você inventava pra me impressionar, das piadas internas que literalmente só nós dois entendiamos, dos nomes pelos quais nos apelidamos, dos planos que fazíamos. Era sempre você e eu, e até a diretora sabia disso. Apesar de estar naquele maldito lugar, quando tento pensar em coisas boas que me aconteceram lá você está em todas as cenas. Foi você quem me ensinou a amizade. 

Hoje acho que desconhecemos. Não sei quais séries você assiste, se você está com aquela ex-namorada de trocentos anos atrás, qual sua cor favorita, se ainda gosta de Harry Potter, se ainda está morando na mesma casa, como está de saúde, como vai na faculdade, como está sua família, quais são suas novas bandas favoritas ou se ouve as que costumávamos ouvir naquele tempo, (confesso que eu sim). Não sei se você chega a se lembrar de mim em alguma parte do seu dia, ou em algum momento da vida.

Eu tento repassar onde foi que eu errei. Talvez por não querer sair de casa aquela época, algumas amizades que me transtornaram a cabeça. O fato de estarmos em horários diferentes, depois em mundos diferentes quando você mudou de escola. A gente ainda se falava depois disso? Quando tudo parou de uma vez? Quando nosso ritmo de conversa foi desacelerando até se tornar o que é hoje - inexistente-?

 Eu sinto sua falta, e sinto pra caralho! Não quero me referir a você como um "ex-melhor amigo" ou um "amigo na época do ginásio", dizer que você foi meu primeiro amor e eu nunca consegui gostar de mais ninguém como era contigo. Nunca alguém fez tanta falta na minha vida como tem sido ultimamente. 
Será eu sou esse tipo de pessoa que tenta afastar o passado e ansiar pelo futuro para que, talvez quem sabe, lá eu encontre alguém que supra essa saudade de ti, consiga te tirar dos meus pensamentos e viver novas histórias comigo, como quando éramos eu e você?
Você e eu. Normalmente eu sempre coloco o "eu" da sentença na frente, mas quando tem você, exatamente você no meio do pensamento, eu percebo quem é realmente importante pra ocupar tal lugar.

Você e eu. 
Eu e você.


Perdão. 
Talvez dê pra recuperar algo. Eu espero que sim






03 maio 2016

Análise equivocada de um desconhecido

Partimos do pressuposto onde eu sou perfeitamente capaz de uma manobra como esta. Passo a te observar em menores intervalos de tempo, daí tirei minhas conclusões, baseadas em meus anos de observação social já que eu era obrigada a ficar sozinha nos intervalos na época do ginásio.

Na sala de estudo descubro tua presença, e fui pega por um fascínio instantâneo, devo admitir. O ser do sorriso branco e de suéter cinza com os cabelos perfeitamente alinhados e assistência agradável. Tens uma feição serena, não se distrai com pequenos estímulos, um norteador , com o livro em mãos, transparece confiança e convicção no que afirma. Em seu penal apenas um lápis e uma caneta preta. Não costuma mudar de decisão fácil, não é? Ou se deixar convencer. Um sádico calculista e meticuloso de sorrisos curtos. E esse seu suéter cinza e seus óculos discretos, tens uma metodologia própria e procura resolver as coisas sozinho. No ambiente rodeado por indivíduos movidos a cafeína, és o único sem um copo, pergunto-me se consegue dormir uma noite toda e se não tem crise de ansiedade ou mania de procrastinação, não estou tão perto assim para ser capaz de consolidar tais estatísticas a partir de suas olheiras. Dotado de uma beleza normal, incluindo sua voz imperativa. 
Deve ter feito um bom trabalho. Todos se levantam e vão para as escadas de saída. Não é daqueles que busca deixa dúvidas na cabeça dos outros, construiu sua imagem e é conhecido por ela.
Posso estar totalmente equivocada em minha tese, e você ser o mais irresponsável da rodinha, o desinteressado e procrastinador e todos os tempos, mas sem sombra de dúvidas tem algo que não se pode negar, foi que tua presença foi notada, e não costuma ser esquecida à toa. 

02 maio 2016

Os donos da noite e meu doce sacrifício

É um poço devastado de incertezas onde inconsciente me atiro e me afogo, tenho a opção de tentar ir para a superfície, porém escolho continuar a ser conduzida pelas águas das tuas palavras. As engulo, me engasgo e absorvo as substâncias emanadas de ti. Não olho nos teus olhos, não quero perder o mínimo da propriocepção que me resta. Me enfatizo ao lembrar dos teus efeitos colaterais. Como a lua, teus olhos clamam minha adoração. Teus lábios estimulam tentação. Dos teus toques meus sensores adormecem e me vejo entregue, meu corpo agora lhe pertence, minha alma está trancafiada dentro do teu peito. Perco minha liberdade, assim como acho meus desejos. Assinei o contrato onde estou eternamente em suas ásperas mãos. 
Leva-me a teu castelo e me aprisiona no teu ser. Ninguém é capaz de parar isso. É tóxico. Ninguém pode fazer nada. 
Da janela os observo, tão sensíveis, mas sem profundidade. Meros plebeus rebelando-se com o patriarcado. 
Da cama escuro teus passos, o senhor da noite se aproxima. Buscou-me. Raptou-me. Salvou-me. Não há mais vazio, embora todo meu ser esteja contigo.
Ocupo agora outro cargo além de tua amante. Para eles tornei-me mulher da escuridão. Ainda continuo refém das tuas chamadas. O que eles não sabem era do e meu anseio por isso.
A noite se apresenta, dançamos ao som dos suspiros da corte. Essa noite nós somos os anfitriões, festejamos nossas vidas cruzadas e pedimos aos anjos que fechem os olhos.

01 maio 2016

Morte aos tempos de glória

Aconteceu novamente, eu surtei. Quando dei por mim estava no banheiro com as mãos arranhadas e com cortes superficiais, havia cacos de vidro espalhados na pia e no chão. Eu nem sei como fui parar lá. Estávamos todos juntos e do nada nos encontraram separados. Nossa era de glória tinha chegado ao fim. Nada era mais a mesma coisa. Assim que recobrei a mínima sanidade desejava sair correndo pra qualquer outro lugar, ficar ali iria alimentar minha ansiedade. Todos evitam ficar de cara com o passado, mas meu medo era estar no presente. Ainda buscam explicações pra fenômenos tão previsíveis, são todos tão superficiais. 
Lados foram escolhidos e não há cruzamento entre eles.
Olho no que restou do espelho, minhas lágrimas desperdiçadas, não havia mais ninguém pra segurar meu cabelo caso eu precisasse, me desse a mão caso eu caísse, chamasse ajuda caso eu morresse.
Ergo minha garrafa e lanço-a contra a parede, que porra estão fazendo a final? Eles a permitem a finais tão sem motivo, ninguém liga, não há luta.
Saio do banheiro em direção à estrada, sozinha pela noite abraçada com meu medo. Se eles querem assim quem sou eu pra discordar. Não vai mais haver desgaste, não vai mais haver brigas, ou segredos, impaciência, estratégias, vazio, lágrimas. E da minha parte  não vai mais haver esperança.

As portas que se fecham se abrem em outro lugar.

Disse boa noite e mergulhei na utopia. Tornou-se frequente essa busca. Esse meu hábito de viver intensamente no sonho e desmazeladamente na realidade. Fui pega pela rede dos devaneios e nenhuma terapia de superfície é capaz de me tirar desse transe. A produção de serotonina cessa a cada dia, coisas simples se tornam doloridas e nossa única certeza é da morte, a disfunção de todos órgãos e tecidos, biologicamente detalhada e humanamente romantizada. Se a morte for o último andar o tempo é nosso elevador. Passageiros entram, saem, alguns te dão sorrisos, outros te dão as costas, e poucos permanecem no final. As vezes lotam, as vezes vai vazio. Com amigos o percurso se torna mais rápido, e você não sabe como deve se despedir deles. 
Chegamos na fase em que procuramos atalhos pra cortar caminhos, será que há um jeito de cortar o caminho desse elevador? Alias, nós não sabemos o que vai haver do outro lado quando nosso andar chegar e as portas se abrirem. Qual a expectativa? Se vou descer sozinho ou se vou acompanhada, se alguém vai entrar na minha frente ou se vão abrir caminho. 
Disse boa noite, apaguei as luzes, tirei o telefone do gancho e fui dançar com o diabo aquela noite. Cheguei em meu andar.