19 agosto 2016

Lábios do Diabo

Eu nunca beijei os lábios do diabo,
Mas até entendo o frisson de quem já o fez.
Aqueles olhares de penitência
Enxergam os pecados de muitas vidas
Quando me envolve em seus braços
Sinto-me enfraquecida
Todo meu potencial se esvai
Todos os planos falham
Observo detalhadamente cada canto com a possibilidade de uma rota de fuga
Com apenas um toque sou imobilizada
Um leve carinho nas maças do rosto
E pode perceber o inicio de minha perda de consciência
As palavras que saim de sua boca
O doce som de melancolia
Teu aroma metálico
Tua energia propagada em meus nervos
Fica difícil respirar
É a sensação de cair e ser condenada a nunca mais subir novamente ao pódio
Acensão se torna fantasia
Mas aquele beijo é algo que não esqueço
Algo que sugou vitalidade
Algo que condenou
Diferente de todos que já experimentei
Aqueles lábios eram incomuns
Irreverentes
Instigantes
Inebriantes
Intrometidos
Inconvenientes
Independentes
Talvez aqueles fossem de um anjo
e eu fosse o diabo.

20 junho 2016

lembranças que hoje me assombram

Quando criança tudo é tão perigoso, há tantas formas de morrer e quando crescemos inevitavelmente encontramos as formas mais doloridas. Tantos vícios, tantos riscos, tantas eternidades presas em segundos e quantas dores silenciadas pesas na eternidade. Perigoso é quando essa dor se torna um nada e você, ainda vivo, sobrevive ao ambiente. O mundo se tornou uma loucura graças as pessoas, elas mudam um ecossistema sem perceber, imagina o que são capazes de fazer com um cérebro.
Passo a maior parte do tempo enxergando em preto e branco. As vezes a luz de velas e papel manchado em vermelho sangue. Marcas de lembranças que hoje me assombram em sonhos. Momentos vividos e reais, cada detalhe eternizado em um giro. Tantos fantasmas chegam a se confundir e criam novas histórias a noite. As palavras saem do papel e perambulam pelos corredores. Me vejo sendo conduzida por promessas de que tudo iria melhorar. Pessoas que mais admirava trouxeram tristeza, sequências de desgosto. Subimos as escadas em silêncio. O silêncio em determinados momentos é algo raro e sublime capaz de revelar tantas confirmações, evitar decepções, acalmar mentes daqueles atormentados por furdúncios. Chegamos ao fim, aqui se encerra mais um desperdício personificado. Palavras que não foram ouvidas, mãos que não serão mais uteis, ideias que foram ignoradas e ouvidos que foram sinceramente magoados, e enquanto eu acendo um cigarro olho o horizonte a diante e enxergo a mancha de nanquim na escrivaninha, os livros abandonados na estante, o café agora frio, as contas não pagas, as mensagem que deixei de responder, enxergo minhas ações e paro de tentar achar um culpado e enfrentar as consequências. A teoria que "o mundo gira para todos" nunca faz sentido pra mim. Mamãe dizia que se hoje você está no baixo, amanhã haverá de ser diferente e se encontrará em cima. De que? De quem? Então mesmo fazendo as coisas corretas ainda vou passar por baixos, e desmerecidos ficarão acima de mim, é assim? Caso eu seja um ser humano de merda terei desfrutes de uma vida gloriosa por 24 horas inteiras? Serei contemplado com méritos fantasmas? Talvez o prêmio seja não ser assombrado por eles. Não neste plano pelo menos.
De qualquer forma, me sinto cansada. Melhor encerrar por aqui. Espero que tenha feito tudo certo até o presente momento, alias, que se dane, não cabe mais a mim.
O vento estava cortante aquela noite, sentia o gosto quente de prata e sangue. Era uma linda noite. Me agarrei as palavras,
Pulamos.

09 junho 2016

Um coração formado por calos

Você abriu a porta e todas minhas razões me foram tomadas. Me entorpeceu com teu discurso pretensioso. Eu não quis crer, não quis abrir os olhos e enxergar. Foi o primeiro capaz de tirar a sanidade de um ser cético, de um ser com coração de calos. Sugou a vitalidade que aos poucos descobri que sempre pertenceu a ti. Como um parque abandonado em que você brincou e mandou demolir logo em seguida, me fez sangrar de todas as formas possíveis, conheci tantas novas formas de morrer depois que entraste em minha vida. E quando acabou pensaram que eu iria sobreviver, mas o que acontece quando você você mexe com algo já trincado pela vida o resultado nunca teve a probabilidade ser satisfatório. Com tantas sequelas vai ser difícil prosseguir, confiar, me entregar ao mundo novamente. Transformou-me em cacos de vidros e como se não bastasse simples metamorfose acabo por ferir aqueles tentam me recompor. Não percamos tempo apontando culpados, você não arranjou as soluções, é verdade, mas me trouxe extremos pelos quais ansiei por toda vida, e posso ser grata a isso.


Edit: é um paragrafo bem clichê, concordo e talvez até fraco e sem sentido, mas acredite, fez todo sentido pra mim enquanto o escrevia.

14 maio 2016

Tais saliências

Para que serve a romantização? Mirar expectativas em algo inevitável.
Quanto a personificar algo já concretizado, perda de tempo.
Não deixa espaços para interpretações, vetores de intenções, linhas de pensamentos adjacentes ou percepções curvilineares. 
Tal liberdade presa em uma rocha jogada as ondas para descobrir:
Quantos horizontes são necessários para existir uma circunferência.
Ditadores que guiam suas estradas, a liberdade disfarçada, mascarada e banhada em manipulação. 
Os pontilhados que te limitam a um eixo. A prisão de um corte sagital, sem resistência transversal, Assistido de uma abdução de raciocínio.
Nuances desapercebidas, saliências escondidas.
Espaços em branco, avaliações sem mérito;
A destreza do desviar das objeções 
Impostas por anarquistas submissos ao egocentrismo
Apenas para pessoas de sorte.

06 maio 2016

Minha maior saudade é sua!

Dessa vez eu quero dizer com meu coração, sem meias palavras, sem tentar usar palavras bonitas, (nunca dão esse efeito mesmo), sem meias intenções, sem meias interpretações. 
Não se passa um dia sem que eu tente entender o que aconteceu entre nós. Talvez nossa imaturidade, talvez eu tenha pisado na bola com você e te magoado sem perceber. Dói quando eu lembro que você era o primeiro a me chamar pra conversar, e a última conversa aberta que eu encerrava toda noite, seu nome estava fixo no meu desktop. Isso tudo ainda estando a maior parte contigo na escola, sentando perto de ti, dividindo pirulitos "7belo" (sim, eu ainda lembro). 
Ainda sei a data do seu aniversário, da maioria das conversas que tivemos, das histórias que você inventava pra me impressionar, das piadas internas que literalmente só nós dois entendiamos, dos nomes pelos quais nos apelidamos, dos planos que fazíamos. Era sempre você e eu, e até a diretora sabia disso. Apesar de estar naquele maldito lugar, quando tento pensar em coisas boas que me aconteceram lá você está em todas as cenas. Foi você quem me ensinou a amizade. 

Hoje acho que desconhecemos. Não sei quais séries você assiste, se você está com aquela ex-namorada de trocentos anos atrás, qual sua cor favorita, se ainda gosta de Harry Potter, se ainda está morando na mesma casa, como está de saúde, como vai na faculdade, como está sua família, quais são suas novas bandas favoritas ou se ouve as que costumávamos ouvir naquele tempo, (confesso que eu sim). Não sei se você chega a se lembrar de mim em alguma parte do seu dia, ou em algum momento da vida.

Eu tento repassar onde foi que eu errei. Talvez por não querer sair de casa aquela época, algumas amizades que me transtornaram a cabeça. O fato de estarmos em horários diferentes, depois em mundos diferentes quando você mudou de escola. A gente ainda se falava depois disso? Quando tudo parou de uma vez? Quando nosso ritmo de conversa foi desacelerando até se tornar o que é hoje - inexistente-?

 Eu sinto sua falta, e sinto pra caralho! Não quero me referir a você como um "ex-melhor amigo" ou um "amigo na época do ginásio", dizer que você foi meu primeiro amor e eu nunca consegui gostar de mais ninguém como era contigo. Nunca alguém fez tanta falta na minha vida como tem sido ultimamente. 
Será eu sou esse tipo de pessoa que tenta afastar o passado e ansiar pelo futuro para que, talvez quem sabe, lá eu encontre alguém que supra essa saudade de ti, consiga te tirar dos meus pensamentos e viver novas histórias comigo, como quando éramos eu e você?
Você e eu. Normalmente eu sempre coloco o "eu" da sentença na frente, mas quando tem você, exatamente você no meio do pensamento, eu percebo quem é realmente importante pra ocupar tal lugar.

Você e eu. 
Eu e você.


Perdão. 
Talvez dê pra recuperar algo. Eu espero que sim






03 maio 2016

Análise equivocada de um desconhecido

Partimos do pressuposto onde eu sou perfeitamente capaz de uma manobra como esta. Passo a te observar em menores intervalos de tempo, daí tirei minhas conclusões, baseadas em meus anos de observação social já que eu era obrigada a ficar sozinha nos intervalos na época do ginásio.

Na sala de estudo descubro tua presença, e fui pega por um fascínio instantâneo, devo admitir. O ser do sorriso branco e de suéter cinza com os cabelos perfeitamente alinhados e assistência agradável. Tens uma feição serena, não se distrai com pequenos estímulos, um norteador , com o livro em mãos, transparece confiança e convicção no que afirma. Em seu penal apenas um lápis e uma caneta preta. Não costuma mudar de decisão fácil, não é? Ou se deixar convencer. Um sádico calculista e meticuloso de sorrisos curtos. E esse seu suéter cinza e seus óculos discretos, tens uma metodologia própria e procura resolver as coisas sozinho. No ambiente rodeado por indivíduos movidos a cafeína, és o único sem um copo, pergunto-me se consegue dormir uma noite toda e se não tem crise de ansiedade ou mania de procrastinação, não estou tão perto assim para ser capaz de consolidar tais estatísticas a partir de suas olheiras. Dotado de uma beleza normal, incluindo sua voz imperativa. 
Deve ter feito um bom trabalho. Todos se levantam e vão para as escadas de saída. Não é daqueles que busca deixa dúvidas na cabeça dos outros, construiu sua imagem e é conhecido por ela.
Posso estar totalmente equivocada em minha tese, e você ser o mais irresponsável da rodinha, o desinteressado e procrastinador e todos os tempos, mas sem sombra de dúvidas tem algo que não se pode negar, foi que tua presença foi notada, e não costuma ser esquecida à toa. 

02 maio 2016

Os donos da noite e meu doce sacrifício

É um poço devastado de incertezas onde inconsciente me atiro e me afogo, tenho a opção de tentar ir para a superfície, porém escolho continuar a ser conduzida pelas águas das tuas palavras. As engulo, me engasgo e absorvo as substâncias emanadas de ti. Não olho nos teus olhos, não quero perder o mínimo da propriocepção que me resta. Me enfatizo ao lembrar dos teus efeitos colaterais. Como a lua, teus olhos clamam minha adoração. Teus lábios estimulam tentação. Dos teus toques meus sensores adormecem e me vejo entregue, meu corpo agora lhe pertence, minha alma está trancafiada dentro do teu peito. Perco minha liberdade, assim como acho meus desejos. Assinei o contrato onde estou eternamente em suas ásperas mãos. 
Leva-me a teu castelo e me aprisiona no teu ser. Ninguém é capaz de parar isso. É tóxico. Ninguém pode fazer nada. 
Da janela os observo, tão sensíveis, mas sem profundidade. Meros plebeus rebelando-se com o patriarcado. 
Da cama escuro teus passos, o senhor da noite se aproxima. Buscou-me. Raptou-me. Salvou-me. Não há mais vazio, embora todo meu ser esteja contigo.
Ocupo agora outro cargo além de tua amante. Para eles tornei-me mulher da escuridão. Ainda continuo refém das tuas chamadas. O que eles não sabem era do e meu anseio por isso.
A noite se apresenta, dançamos ao som dos suspiros da corte. Essa noite nós somos os anfitriões, festejamos nossas vidas cruzadas e pedimos aos anjos que fechem os olhos.

01 maio 2016

Morte aos tempos de glória

Aconteceu novamente, eu surtei. Quando dei por mim estava no banheiro com as mãos arranhadas e com cortes superficiais, havia cacos de vidro espalhados na pia e no chão. Eu nem sei como fui parar lá. Estávamos todos juntos e do nada nos encontraram separados. Nossa era de glória tinha chegado ao fim. Nada era mais a mesma coisa. Assim que recobrei a mínima sanidade desejava sair correndo pra qualquer outro lugar, ficar ali iria alimentar minha ansiedade. Todos evitam ficar de cara com o passado, mas meu medo era estar no presente. Ainda buscam explicações pra fenômenos tão previsíveis, são todos tão superficiais. 
Lados foram escolhidos e não há cruzamento entre eles.
Olho no que restou do espelho, minhas lágrimas desperdiçadas, não havia mais ninguém pra segurar meu cabelo caso eu precisasse, me desse a mão caso eu caísse, chamasse ajuda caso eu morresse.
Ergo minha garrafa e lanço-a contra a parede, que porra estão fazendo a final? Eles a permitem a finais tão sem motivo, ninguém liga, não há luta.
Saio do banheiro em direção à estrada, sozinha pela noite abraçada com meu medo. Se eles querem assim quem sou eu pra discordar. Não vai mais haver desgaste, não vai mais haver brigas, ou segredos, impaciência, estratégias, vazio, lágrimas. E da minha parte  não vai mais haver esperança.

As portas que se fecham se abrem em outro lugar.

Disse boa noite e mergulhei na utopia. Tornou-se frequente essa busca. Esse meu hábito de viver intensamente no sonho e desmazeladamente na realidade. Fui pega pela rede dos devaneios e nenhuma terapia de superfície é capaz de me tirar desse transe. A produção de serotonina cessa a cada dia, coisas simples se tornam doloridas e nossa única certeza é da morte, a disfunção de todos órgãos e tecidos, biologicamente detalhada e humanamente romantizada. Se a morte for o último andar o tempo é nosso elevador. Passageiros entram, saem, alguns te dão sorrisos, outros te dão as costas, e poucos permanecem no final. As vezes lotam, as vezes vai vazio. Com amigos o percurso se torna mais rápido, e você não sabe como deve se despedir deles. 
Chegamos na fase em que procuramos atalhos pra cortar caminhos, será que há um jeito de cortar o caminho desse elevador? Alias, nós não sabemos o que vai haver do outro lado quando nosso andar chegar e as portas se abrirem. Qual a expectativa? Se vou descer sozinho ou se vou acompanhada, se alguém vai entrar na minha frente ou se vão abrir caminho. 
Disse boa noite, apaguei as luzes, tirei o telefone do gancho e fui dançar com o diabo aquela noite. Cheguei em meu andar. 



21 abril 2016

Fly over me, evil angel

Todo esse tempo acreditei estar no limbo do fundo do poço, mas foi quando eu te perdi que soube, sempre houve uma luz lá de cima, ela se foi depois de ti. Foi aí que descobri o quão fundo eu havia mergulhado quando te perdi. Me fez jurar naquela noite que eu iria continuar forte, viver a vida e não deixar ninguém me dizer como fazê-la. Irônico, já que você era quem me mantinha viva, quem me tirou da bruta existência e me fez viver de verdade. 
Me diga agora em quê devo acreditar se não me sinto mais viva, mas ainda sou capaz de sangrar. Até refaço nossos passos na estupida esperança de lhe encontrar e acordar deste pesadelo fúnebre. Meus motivos todos incluíam você, agora busco desculpas para evitar todos eles.
Quem vai me abraçar nas noites de chuva ou me receber com um sorriso de certezas que põe fim em todas minhas dúvida, me dizer que nenhum problema é tão grande quanto o tamanho do céu? E sabe o clichê "viva cada dia como se fosse o último",  naquela noite de outubro foi seu último. Na verdade o meu também, mas a diferença é que só o me coração continua pulsando para sobreviver, para manter o que restou da matéria em partes tocável, das sugestões que se foram junto contigo.
Nunca lhe disse adeus, e como não sei quando nos veremos novamente, então por hora  me resta dizer, durma bem meu anjo.    

18 abril 2016

Qual ponto é o ponto final?

Quando chega o ponto em que você sente um caminho vazio que vai da tua boca ao coração e você tenta preencher com a primeira droga que vê pela frente, seja com a fumaça de um cigarro, com o gole de uma bebida ou com meias palavras de um qualquer. Quando eu chego ao ponto de não me importar com o que eu mais me importava e nem se quer me assustar com idéias sabotadoras que surgem. Quando eu perdi a convicção que eu tinha antes. Amadurecimento junto ao rebelamento ou cansaço e empatia? Quando eu deixei de ser quem eu quis me tornar? Por que ficou tão fácil desistir de si próprio? Eu não consegui acompanhar o tempo ou ele simplesmente parou só para mim? Talvez eu tenha deixado minha coragem de baixo da cama, junto com os antigos monstros que me assombravam nas gélidas noites em que um abraço de mãe não era capaz de tampar os buracos semeados na minha mente, regadas por palavras diariamente ditas de quem nunca teve moral nenhuma. Acabaram apertando tanto o local ferido ao invés de deixa-lo respirar, talvez eu estivesse melhor se não fosse isso e ponto.



14 abril 2016

Pra você, o meu melhor abraço

Pra você eu guardei o meu melhor abraço.

E eu não costumo abraçar  a maioria delas, não que seja couraça muscular, fobia social ou coisa do tipo. Se bem que vindo de mim pode vir a ser psicológico.
Vou tentar te explicar, e desculpe se ficar confuso, você sabe o quanto eu tropeço nas palavras:
Tenho um olhar individual pras pessoas, cada singularidade delas requer uma resposta e intenção minha. E eu nao quero desperdiçar meus toques, distribuir atenção  ou partilhar carinhos que são únicos por ti, percebe o quão errado é direcionar uma força, com toda intensidade e uma emoção para um ponto que pode não absorver nada? Não gera uma resposta ao meu estímulo. E não tem nenhuma sinapse entre essas pessoas. Percebe o quão perigoso é isso?
É o que uma deficiencia de comunicação acaba gerando, erros de interpretações, desejos premeditados e quando você menos espera ama uma pessoa que não compartilha das mesmas transmissões que ti. Isso é um puta desperdício de tempo e energia.
Você sempre soube das minhas intensidades e que por conta disso tudo deve ser nas extremidades. E meu bem, você é meu polo atrativo.

11 abril 2016

A outra face no espelho e a entidade


Não, você não sabe o que é se olhar contra o espelho e não se enxergar, ou só absorver uma imagem distorcida do que restou das guerras vencidas contra você mesmo.
Olheiras acentuadas, bolsas que antes não estavam lá, parece até que seu rosto está maior. Os olhos perderam seu brilho natural, agora o que brilha é a lágrima que se recusa a cair na frente dos outros sobreviventes. Aí você se deita, é levada pela idealização da felicidade, onde esta lhe busca e proclama: "segure minha mão, temos um plano. Prometo não desistir de você se você não desistir de mim." É real, é bem real, e amortece os demônios da sanidade.
O sinal toca e somos obrigados a nos despedir, por hora, mas prometo voltar o mais rápido possível, e de fato a conexão não se quebra, não passa um segundo sem que minha mente esteja procurando meios de voltar para seus braços, mas infelizmente devo me manter acordada devido as circunstâncias. 
Não demora a se tornar meu único objetivo do dia ser buscada pela entidade que preenche minhas lacunas, minhas tatuagens vazadas, os espaços entre meus dedos, unimos nossos lábios e me entrego a ela. Sou prisioneira da minha felicidade projetada na insanidade. E não estou disposta a abandonar meu anjo caído.