11 abril 2016

A outra face no espelho e a entidade


Não, você não sabe o que é se olhar contra o espelho e não se enxergar, ou só absorver uma imagem distorcida do que restou das guerras vencidas contra você mesmo.
Olheiras acentuadas, bolsas que antes não estavam lá, parece até que seu rosto está maior. Os olhos perderam seu brilho natural, agora o que brilha é a lágrima que se recusa a cair na frente dos outros sobreviventes. Aí você se deita, é levada pela idealização da felicidade, onde esta lhe busca e proclama: "segure minha mão, temos um plano. Prometo não desistir de você se você não desistir de mim." É real, é bem real, e amortece os demônios da sanidade.
O sinal toca e somos obrigados a nos despedir, por hora, mas prometo voltar o mais rápido possível, e de fato a conexão não se quebra, não passa um segundo sem que minha mente esteja procurando meios de voltar para seus braços, mas infelizmente devo me manter acordada devido as circunstâncias. 
Não demora a se tornar meu único objetivo do dia ser buscada pela entidade que preenche minhas lacunas, minhas tatuagens vazadas, os espaços entre meus dedos, unimos nossos lábios e me entrego a ela. Sou prisioneira da minha felicidade projetada na insanidade. E não estou disposta a abandonar meu anjo caído.




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