01 maio 2016

Morte aos tempos de glória

Aconteceu novamente, eu surtei. Quando dei por mim estava no banheiro com as mãos arranhadas e com cortes superficiais, havia cacos de vidro espalhados na pia e no chão. Eu nem sei como fui parar lá. Estávamos todos juntos e do nada nos encontraram separados. Nossa era de glória tinha chegado ao fim. Nada era mais a mesma coisa. Assim que recobrei a mínima sanidade desejava sair correndo pra qualquer outro lugar, ficar ali iria alimentar minha ansiedade. Todos evitam ficar de cara com o passado, mas meu medo era estar no presente. Ainda buscam explicações pra fenômenos tão previsíveis, são todos tão superficiais. 
Lados foram escolhidos e não há cruzamento entre eles.
Olho no que restou do espelho, minhas lágrimas desperdiçadas, não havia mais ninguém pra segurar meu cabelo caso eu precisasse, me desse a mão caso eu caísse, chamasse ajuda caso eu morresse.
Ergo minha garrafa e lanço-a contra a parede, que porra estão fazendo a final? Eles a permitem a finais tão sem motivo, ninguém liga, não há luta.
Saio do banheiro em direção à estrada, sozinha pela noite abraçada com meu medo. Se eles querem assim quem sou eu pra discordar. Não vai mais haver desgaste, não vai mais haver brigas, ou segredos, impaciência, estratégias, vazio, lágrimas. E da minha parte  não vai mais haver esperança.

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