01 maio 2016

As portas que se fecham se abrem em outro lugar.

Disse boa noite e mergulhei na utopia. Tornou-se frequente essa busca. Esse meu hábito de viver intensamente no sonho e desmazeladamente na realidade. Fui pega pela rede dos devaneios e nenhuma terapia de superfície é capaz de me tirar desse transe. A produção de serotonina cessa a cada dia, coisas simples se tornam doloridas e nossa única certeza é da morte, a disfunção de todos órgãos e tecidos, biologicamente detalhada e humanamente romantizada. Se a morte for o último andar o tempo é nosso elevador. Passageiros entram, saem, alguns te dão sorrisos, outros te dão as costas, e poucos permanecem no final. As vezes lotam, as vezes vai vazio. Com amigos o percurso se torna mais rápido, e você não sabe como deve se despedir deles. 
Chegamos na fase em que procuramos atalhos pra cortar caminhos, será que há um jeito de cortar o caminho desse elevador? Alias, nós não sabemos o que vai haver do outro lado quando nosso andar chegar e as portas se abrirem. Qual a expectativa? Se vou descer sozinho ou se vou acompanhada, se alguém vai entrar na minha frente ou se vão abrir caminho. 
Disse boa noite, apaguei as luzes, tirei o telefone do gancho e fui dançar com o diabo aquela noite. Cheguei em meu andar. 



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