02 maio 2016

Os donos da noite e meu doce sacrifício

É um poço devastado de incertezas onde inconsciente me atiro e me afogo, tenho a opção de tentar ir para a superfície, porém escolho continuar a ser conduzida pelas águas das tuas palavras. As engulo, me engasgo e absorvo as substâncias emanadas de ti. Não olho nos teus olhos, não quero perder o mínimo da propriocepção que me resta. Me enfatizo ao lembrar dos teus efeitos colaterais. Como a lua, teus olhos clamam minha adoração. Teus lábios estimulam tentação. Dos teus toques meus sensores adormecem e me vejo entregue, meu corpo agora lhe pertence, minha alma está trancafiada dentro do teu peito. Perco minha liberdade, assim como acho meus desejos. Assinei o contrato onde estou eternamente em suas ásperas mãos. 
Leva-me a teu castelo e me aprisiona no teu ser. Ninguém é capaz de parar isso. É tóxico. Ninguém pode fazer nada. 
Da janela os observo, tão sensíveis, mas sem profundidade. Meros plebeus rebelando-se com o patriarcado. 
Da cama escuro teus passos, o senhor da noite se aproxima. Buscou-me. Raptou-me. Salvou-me. Não há mais vazio, embora todo meu ser esteja contigo.
Ocupo agora outro cargo além de tua amante. Para eles tornei-me mulher da escuridão. Ainda continuo refém das tuas chamadas. O que eles não sabem era do e meu anseio por isso.
A noite se apresenta, dançamos ao som dos suspiros da corte. Essa noite nós somos os anfitriões, festejamos nossas vidas cruzadas e pedimos aos anjos que fechem os olhos.

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